Testet (França): A floresta de Tarn começa a ser cortada para a construção de uma barragem, após um ano de resistência no local.

A floresta de Tarn começa a ser cortada para a construção de uma barragem, após um ano de resistência no local. As defensoras e defensores da floresta pedem apoio urgente.

Ontem, dia 1 de setembro, a floresta de Tarn começou a ser cortada para a construção da barragem de Sivens. Desde outubro de 2013, uma parte da área ameaçada de destruição foi ocupada por pessoas que são contra o projeto. As moradoras e moradores, que ocuparam o local para proteger a floresta, chamam a área de ZAD do Testet (Zona à Defender do Testet)*.

A empresa que vai realizar as obras de destruição da floresta chegou ontem ao local para começar a cortar as árvores. Muitas pessoas se juntaram às moradoras da área para resistir ao começo das obras. As máquinas e as empregadas e empregados só puderam chegar ao local porque foram escoltadas por um grande aparato policial. As manifestantes tentaram impedir que as árvores começassem a ser cortadas, permanecendo no local. A polícia reprimiu violentamente com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Desde o começo da ocupação ZAD do Testet houveram vários confrontos com a polícia, mas a repressão de ontem foi a mais violenta, como afirmam as resistentes no local.

Em um comunicado de hoje, 2 de setembro, as resistentes dizem que desde ontem as árvores começaram a ser abatidas sob a proteção de 200 policiais militares, e outros grupamentos de polícia como a brigada canina, alguns vindos de Paris. Esse efetivo foi perturbado por moradores e moradoras, junto com o exército de palhaços, camponeses e camponesas da região e revoltadas e revoltados de todos os tipos. A repressão foi mais brutal que nos confrontos precedentes. Nesta terça de manhã, as forças de ordem voltaram junto com as máquinas de obras.

As manifestantes condenam as ações violentas da polícia, que demonstram que o governo não tem nenhuma vontade de dialogar. Elas afirmam que este comportamento só alimenta a raiva e a revolta de pessoas que até então tinham escolhido formas de luta pacíficas. A impressão compartilhada pelas pessoas no local, depois dos confrontos de ontem, é de que há uma necessidade de buscar formas de luta mais radicais.

Mesmo se as obras começaram, as manifestantes consideram uma viária que um bom número de pessoas tenha decidido continuar na luta, fazendo ações no local, e se preparando para bloquear fisicamente o avanço do projeto e para imobilizar os veículos e as máquinas de obras nas vias de acesso. “Que isto fique bem claro para as empresas, o governo e os apoios. O começo das obras não significa o fim das mobilizações. O movimento de resistência está maior, mais solidário, mais diversificado e mais determinado do que nunca. A repressão só nos torna mais fortes. Nossa posição é clara: queremos a interrupção das obras.”

O projeto de barragem de Tarn ameça o Vale do Tescou. Na beira da floresta de Sivens, à 10 Km de Galiac (Tarn), são 35 hectares de mangues e florestas que devem ser “afogados” para satisfazer as necessidades da economia capitalista: uma obra de grande porte para uma grande empresa (a CACG) e uma profusão de águas para favorecer o agro-negocio. Entre os diversos animais selvagens que vivem na área, contamos uma centena de espécies protegidas e cinco ameaçadas de extinção. O projeto está sendo financiado pelos cofres públicos franceses (custando em torno de 10 milhoes de euros) e deve servir exclusivamente aos interesses privados. As pessoas que resistem ao projeto na Zad do Testet pedem apoio urgente, seja com pessoas no local, com pressão nos governos, com a divulgação do caso ou com ações de solidariedade.

*O nome ZAD nasceu com a luta do vilarejo de Notre-Dame des Landes (próximo à cidade de Nantes) contra a construção de um aeroporto no local. Dentro da legislação de urbanismo francesa ele significa “Zona de Arranjo Diferenciado”, mas foi renomeado pelxs resistentes como “Zona à Defender”. A ZAD de Notre-Dame des Landes luta há quase 40 anos, e ficou muito famosa a partir de 2011 quando conseguiu resistir às diversas operações de expulsão e aos diversos ataques do governo que continuam até hoje. Essa luta vitoriosa serviu de exemplo para outras lutas na França, transformando o nome ZAD em um movimento nacional e um marco da resistência autônoma na França nos dias de hoje.

Fonte (em francês): Coletivo “Tant qu’il y aura des bouilles” https://tantquilyauradesbouilles.wordpress.com

http://autogestao.org/franca-a-floresta-de-tarn-comeca-a-ser-cortada-para-a-construcao-de-uma-barragem-apos-um-ano-de-resistencia-no-local-as-defensoras-e-defensores-da-floresta-pedem-apoio-urgente/#more-3674