Rio de Janeiro (RJ, Brasil): Companheiro é condenado por participar à manifestação contra o despejo da ocupação Guerreiros Urbanos

Há alguns dias recebemos a triste notícia da condenação do companheiro Filipe Proença, professor e engajado na luta popular, por participar do ato de apoio à Ocupação Sem-teto Guerreiros Urbanos em dezembro de 2010, que foi violentamente despejada. A decisão foi tomada mesmo com o Ministério Público, acusador, tendo pedido absolvição. Ainda podemos recorrer, mas o caso não pode passar em branco, todxs nós podemos ser acusadxs, a criminalização dos movimentos sociais ganha campo jurídico no Estado de exceção. Ele(s) que nos atinge covardemente como pessoas isoladas, nos tira a vida de tantas formas, quando não cotidianamente, nos encarcerando para nos fazer acreditar que somos fracxs e impotentes, nos afastando de nossas amizades e companheirxs, atando nossas mãos e calando vozes para esterelizar nossas ações, ferindo corpos, rasgando peles, derramando sangue e choro, até o ponto de não sabermos a diferença entre nos tirarem o tesão de viver e a paralização de nossos órgãos. Mas ainda pulsamos. Transbordamos.

Precisamos nos organizar e agir, porque não estamos sós e nossa força assusta. Prisões e despejos vão acontecer cada vez mais se não nos mobilizarmos, a luta de classes é aqui e agora. Leis que chamam movimentos sociais de terrorismo já estão sendo aprovadas pelo bem da ordem, uma ordem onde temos papéis importantes, mas não temos voz efetiva nem autonomia. Muitos acreditam na constituição, nas leis do Estado, como segurança do que é certo e justo. No entanto, o que vemos todos os dias é que elas servem a classes específicas, que vivem na mesma cidade mas que participam de um mundo do qual não temos acesso, que fazem o Estado e as leis, que decidem e estruturam como as coisas devem ser para que tudo continue como está. Não importa quem está no governo, as disputas de poder entre os ricos e todxs que participam dessa estrutura parece tão grandiosa e importante, mas na hora que precisam mesmo, todos sabem seus aliados de classe, pois nada importa, só importa que quem se governe não sejam as próprias pessoas decidindo sobre suas vidas coletivamente. Precisamos suplicar para que um juiz sentencie um estuprador, e se o faz, agradecemos, precisamos lutar para ter o direito a greve, e no entanto, quando convém, até ele é suspenso (vide “lei da Copa”).

Todxs somos condenadxs quando alguém que fica parado na frente de um imóvel abandonado, vazio e sem utilidade pública para que famílias não voltem a morar nas ruas é condenado. Todxs somos intimadxs quando um grupo de 30 famílias sem-teto é chamado de organização criminosa e acusado de formação de quadrilha. Todxs estamos ameaçadxs quando a polícia tem carta branca para violentar e agredir em nome da lei, e resistir é crime.

O único terrorismo aqui é do Estado e do Kapital.

Mais informações sobre a ocupação Guerreiros Urbanos:

http://autogestao.org/tag/guerreiros-urbanos/