Na corrida dos últimos preparativos para a retirada de campo do atual governo, o tiro foi dado e as obras começam pipocar numa última tentativa de sugar o que ainda pode ser sugado dos cofres públicos.
No centro da cidade uma obra chama atenção. Mesmo após várias catástrofes ambientais vivenciadas ao longo dos últimos anos, a iniciativa pública decide travar mais uma batalha do tipo homem x natureza, devastando o pouco que resta da verde mata ciliar, concretando a margem esquerda e estrangulando cada vez mais o Rio Itajaí – Açu. São mais de R$ 15 milhões injetados em uma obra que pode ter efeitos devastadores.
Instituições financiadas pelas mãos dos donos do poder como FATMA e FAEMA, serram os olhos ao que acontece diante de suas caras. Estes sistemas, envenenados pela cobiça de manejar a natureza, não se deram conta ainda que ela é indomável. Furiosa, um dia vem e toma seu lugar novamente. A própria história blumenauense traz em suas bagagens ano após ano catástrofes e quem mais, se não nós mesmos, os culpados e cúmplices disso. Somos culpados quando agimos diretamente sufocando-a; e cúmplices quando nos calamos diante de tamanha covardia como esta que agora vem acontecendo na prainha ou como queiram os ditos doutores do assunto em seu coro remendado, margem esquerda do rio Itajai açu.
Mas no meio deste alvoroço todo em dias de politicagem rumo às urnas, surgem os que percebem a história de Blumenau por outro ângulo e pretendem não mais ver de sua janela o velho quadro imposto. Dentro de suas possibilidades estas aves, ainda sem as asas cortadas, conspiram livremente e lutam pelo aconchego de “seu ninho”, vosso ninho.
E assim, nesta madrugada a primavera nos brindou com um sopro de resistência. Uma faixa estendida numa ponte do rio Itajaí Açu onde lia-se:
“Tirem suas garras da prainha! Mais Verde, Menos concreto”
Nada mais do que um alerta que nos faz refletir caminhos a serem pensados,já que o lado burocrático cai em suas próprias armadilhas contraditórias e suga nossa força. Torcemos para que esses mornos ares levem para bem longe de nós os gélidos ventos de inoperância e estagnação que a uns embalava.
[Publicado em Okupa y Resiste]