OKUPANDO… O imóvel situado na Rua Eleonor de Held, número 41, Jd. Alvorada, estava há mais de 5 anos abandonado pela proprietária, se transformando em um local perigoso para os vizinhos mais próximos e para toda a comunidade do bairro. Muitas vezes a força policial foi acionada por vizinhos que se sentiam inseguros ao ver usuários de drogas (especialmente o crack) frequentando o local. Outro risco à comunidade se dava com o lixo e o matagal presentes no pátio da casa, que se transformou num verdadeiro criadouro de mosquitos da dengue. A foto abaixo mostra o tamanho do mato antes da ocupação acontecer.
Frente a este abandono, um grupo composto por estudantes universitários e trabalhadores de Maringá, após consultar a vizinhança a respeito da situação do imóvel, decidiu ocupar a casa, dando nova finalidade para o local. Em menos de uma semana todo o mato foi cortado e o lixo e fezes humanas que estavam espalhados pelo chão foram retirados.
Alguns vizinhos que perceberam nossa movimentação vieram nos apoiar. Para eles, só o fato de morar ao lado de um local limpo já era motivo de comemoração. Após nosso trabalho de limpeza e nossa permanência na casa, a proprietária do imóvel, que não reside em Maringá, apareceu exigindo nossa saída imediata do local. A escritura do imóvel está em seu nome, o que a faz dona do local. Porém, na prática ela já havia abandonado a casa há um bom tempo. Assim, negociamos com a proprietária e firmamos um acordo extra-judicial que garante nossa permanência na casa até o dia 20 de junho deste ano. Após esta data ela diz que vai reformar o imóvel para locação, e afirma que já há interessados (?). Dessa forma consolidamos nossa ocupação, que recebeu o nome de Okupação Cultural Alvorada Libertária. Nossa ideia é fazer do local um espaço de moradia e também um espaço de valorização e produção de cultura. Maringá é uma cidade em que o mercado imobiliário comanda, tendo os aluguéis mais caros do Paraná. Neste mercado, muitos imóveis ficam inativos ou abandonados, esperando um momento de valorização para venda ou esperando uma demolição para a construção de edifícios ou casas luxuosas. Mas qual o problema disso? Aparentemente nenhum. Mas veja nosso caso por exemplo. Esta espera por um momento propício para o mercado ameaçava a saúde e a segurança dos moradores próximos. Tendo em vista o interesse capitalista, pouco importam os riscos humanos. Enquanto inúmeros imóveis se encontram em situação semelhante, muitas famílias de trabalhadores não tem onde morar, assim como muitos estudantes universitários que vem de outras cidades também ficam sem moradia. Juntando a fome com a vontade de comer, hoje a Okupação Cultural Alvorada Libertária é um espaço de moradia e também o local em que se realizam diversas oficinas de arte (desenho, teatro, percussão e bateria, stencil, slackline) entre outras atividades da cultura brasileira como a capoeira e o maracatu. Também estamos trabalhando na construção de uma horta comunitária. Sabemos que o Jardim Alvorada é o maior e mais antigo bairro de Maringá, mas nunca teve incentivo à cultura por parte da prefeitura. É claro que os governantes não querem um povo culto, porque isso ameaçaria seus planos de governância, seus interesses velados, suas tramóias e falcatruas. Democracia? Somente quando o povo estiver no poder! Seguem algumas fotos do domingo 22/04, dia em que inauguramos a casa e abrimos as portas à comunidade.
Seguimos adiante nossa luta por espaços de autonomia e coletividade. Estamos abertos à todos que queiram conhecer a Okupação, não somente para participar de uma oficina, mas também para propor a realização de alguma atividade, seja de caráter artístico, político ou de utilidade pública.