Espaço comunitário gerido por assembleia autônoma do bairro Villa Urquiza, em Buenos Aires, recebe notificação de despejo na tarde de quinta-feira (22). A intimação estipula o prazo de dez dias para que a comunidade entregue o espaço, sob ameaças de responsabilização penal.
A “Asamblea de Vecinxs Autoconvocadxs de Villa Urquiza”, organismo gestor do espaço, convoca luta contra ameaça de despejo do espaço comunitário. Ocupado pela comunidade há 16 anos, o espaço autogestionado oferece atividades políticas e culturais para a vizinhança.
O desalojo seria expressão de uma política de gentrificação levada a cabo pelo Estado argentino, que pretende leiloar terras e espaços públicos devolutos, ainda que ocupados. A comunidade estava em meio a negociações com o Estado, visando a manutenção do espaço. Para a “Assemblea”, não há outra razão para a urgência do despejo, atropelando as negociações, senão a evidente perseguição à vizinhança que se “organiza por fora da lógica opressiva do Estado e do sistema capitalista”
História
Fermentada durante o levante popular na Argentina, em 2001, contra a dívida externa e o ajuste fiscal imposto pela ALCA e pelo FMI, sob o mote “Que se vayan todos”, a “Assemblea de Vecinos Autoconvocada de Villa Urquiza” é formada em janeiro de 2002. A assembléia impulsiona lutas gerais contra a carestia, a especulação imobiliária e a gentrificação, entre muitas outras. Além disso, organiza a comunidade vicinal para a recuperação de praças e promoção de atividades culturais e educativas. O que caracteriza politicamente a iniciativa é a total autonomia frente aos partidos oficiais e ao Estado.
Uma pizzaria abandonada foi ocupada pela assembleia de vizinhos visando o uso comunitário, social e político. A própria vizinhança se empenhou na recuperação estrutural do prédio. Ali, sob gestão comunitária, foi inaugurado o refeitório comunitário “Dário Santillán”, que chegou a atender 150 pessoas ao dia, três vezes por semana que funcionou até 2005. Foi quando, decidiram que o espaço se uniria a outras organizações comunitárias e movimentos populares, passando a funcionar também como espaço de aglutinação de diversos setores, promovendo formação política e impulsionando lutas – além de abrigar uma biblioteca comunitária, oferecer oficinas gratuitas nas mais diversas áreas e dar amparo psicossocial a mulheres que recorreram ao aborto.
Publicado na página Midia1508.