Faz cerca de um ano que o jornal The Guardian divulgou os seguintes números: existem na Europa 11 milhões de casas vazias e 4,1 milhões de pessoas sem abrigo. Lembro-me logo da ocupação de São Lázaro, em Lisboa, ou da Es.Co.La da Fontinha, no Porto, ao longo de 2012. Ambos os espaços tornados públicos por quem deles precisava, vividos durante algum tempo, para depois serem destruídos pelo Estado e pela polícia. A perversidade está à flor da pele: os Estados nada podem fazer quanto à crescente miséria humana, mas não deixarão que as pessoas sigam caminho sozinhas. Para cada pobreza, a respectiva fila de espera.
Mas uma boa notícia: em Toulouse, França, um edifício foi ocupado para alojar pessoas sem abrigo. Foi criado o Collectif pour la Requisition, l’Entraide et L’autogestion – C.R.E.A., que a partir de 2011 garantiu habitação a cerca de quarenta pessoas, entre elas sete famílias e cerca de quinze crianças. Uma outra parte do edifício foi usada para um Centro Social: ali se dinamizaram actividades e espaços abertos a todos, biblioteca, bar e sala de festas, salas de aulas, boxe, alfabetização, apoio escolar, apoio social e jurídico, cozinha ou costura. [Read More]