Brasil: Em São Paulo, as áreas valorizadas são as que têm mais incêndios

De acordo com pesquisa, das favelas que foram incendiadas nos últimos meses nove estão localizadas em regiões que o mercado imobiliário aumentou sua valorização: acima de 100%; na contramão, áreas que possuem mais favelas são as menos valorizadas

Dos últimos incêndios que ocorreram neste ano em São Paulo, nove foram em áreas que aumentaram seus valores pelo mercado imobiliário, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE). A região em que está localizada a favela de São Miguel Paulista, por exemplo, vizinha de Ermelino Matarazzo, na zona leste, e incendiada na terça-feira (28), teve a maior valorização imobiliária da capital em apenas dois anos: 214%. (Clique aqui e veja o mapa dos incêndios em favelas paulistanas que ocorreram nos últimos anos).

Outras comunidades, como a Vila Prudente, na zona leste, incendiada no dia 23 de agosto, e a Favela do Morro do Piolho, no Campo Belo, zona sul, destruída pelo fogo no dia 3 de setembro, também estão na “mira” do mercado imobiliário. Enquanto a comunidade do Morro do Piolho teve aumento do metro quadrado em 117%, na área que situa a Vila Prudente, ao lado do Sacomã, a valorização foi de 149%.

Outro dado citado no artigo “Não acredite em combustão espontânea” é de que as áreas que possuem mais favelas, curiosamente, são as que têm menos incêndios. Na zona sul paulistana, nos distritos do Capão Redondo (com 93 favelas), Grajaú (com 73), Jardim Ângela (com 85) e Campo Limpo (com 79) – áreas que aglomeram mais de 21% das favelas da capital – não houve nenhum incêndio. Ao mesmo tempo, a pesquisa revela que essas áreas são as mais desvalorizadas pelo mercado imobiliário – na região do Grajaú, por exemplo, houve uma queda de 25,7% no valor do metro quadrado.

Atualmente, São Paulo possui 1.565 favelas, de acordo com os dados do Infocidade, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (SMDU).

José Francisco Neto
da Redação
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