Chamada à participar do Dia internacional de denunciação pública contra as violências do estado. Dia 26 de janeiro de 2013 – Onde vocês queiram!

Vítimas de irreversíveis de violências policiais (fraturas, hemorragias internas, resquícios de granada, surdez, olhos cegados…), mais de 120 feridos em dois dias durante a última operação policial e de uma forte repressão política (centenas de detidos e processados, e dois prisioneiros políticos neste momento), alguns ocupantes da ZAD (Zona à Defender contra o projeto do aeroporto de Notre Dame de Landes, no oeste da França, próximo à Nantes) lançam um convite à denunciar publicamente as violências do estado, dia 26 de janeiro em todas as cidades da França e do mundo.
*Veja no final da chamada uma breve apresentação da ZAD (Zona à Defender) e da luta contra o aeroporto Grande-Oeste na França.

Essas violências foram demasiadamente chocantes, mas os ocupantes políticos da ZAD não são evidentemente os únicos à sofrer por culpa da violência do Estado. Violências simbólicas, legais, judicias, policiais, militares, institucionais, falsas acusações, discriminações, humilhações, deportação de imigrantes ilegais, controle de nossas vidas… são alguns exemplos de formas de violência “ordinárias” sofridas pela população. Fazemos um convite então à todas as pessoas que se sentem tocadas por esta situação à denunciar, assim, essas e outras formas de violência do estado.

Esta chamada traz, para além das fronteiras, um eco com outras lutas contra a ditadura econômica e os mega-projetos inúteis que a acompanham, como na Italia (No TAV), na Espanha, na Russia (Kimski), no Brasil (usina hidrelétrica Belo Monte, copa do mundo e jogos olímpicos).

Contra a violência do estado, nós resolvemos responder com ações não-violentas, marchas festivas, artísticas, descontraídas e federadoras. Não haverão organizadores oficiais, nem programa pré-definido. Toda ação artística é bem-vinda (teatro do oprimido, exposição de fotos, projeções de vídeos, música).

A marcha de Nantes partira às 15h (horário francês). Para as outras cidades, nós propomos uma coordenação com os comitês de apoio à ZAD – lista de comitês disponível no site zad.nadir.org.

Participe desta iniciativa! Que as idéias se encontrem, e que mais uma vez seja mostrada a força da auto-organização popular!

ZAD em todo os lugares!

Algumas idéias : testemunhos; projeção de vídeos; corais; exposição (fotos); teatro de arena; teatro do oprimido; exercito de palhaços; ateliês diversos (como sobrevivência em caso de detenção); etc.
Documentos: uma lista de textos, testemunhos, idéias… poderá ser enviada à você por e-mail; basta escrever para o endereço gadnv [at] riseup [dot] net
Lista de comitês de apoio à ZAD : http://zad.nadir.org/spip.php?rubrique34&lang=fr
Site: zad.nadir.org
Contato: gadnv [at] riseup [dot] net

*O que é a ZAD?

Um primeiro projeto do aeroporto de Notre-Dame-des-Landes nasce no fim dos anos 60, concebido para substituir o aeroporto de Nantes e para ser o grande aeroporto do Oeste. Em 1974, uma “Zone d’Aménagement Différé (ZAD) – Zona de Arranjamento Diferencial” foi criada na área do projeto, e um direito preferência do Estado sobre a compra das propriedades da área é posto em voga. Em 1979, com a crise do petróleo, o projeto é abandonado, mas a partir de 1998, ele é relançado e aprovado à força – não respeitando os procedimentos democráticos legais.

Em 2009 é criado um “Camp Action Climat” (campo de ação climática) nesta zona, e uma chamada é lançada para reocupar a ZAD, re-batizada Zona à Defender. Em 2012, temos por volta de 30 lugares ocupados na zona. Diferentes projetos – hortas coletivas, auto-construções, campanhas de ação direta… – floresceram na ZAD, dentro de um espirito ecológico e autônomo em relação ao sistema capitalista.

Desde meiados de outubro até o fim de novembro uma grande e violenta operação de desalojos e de demolições é posta em pratica, batizada “Operação Cesar”. Em resposta à essas operações violentas, uma forte solidariedade se cria em toda a França. Várias pessoas se aliam a esta luta contra o aeroporto e o “mundo que está em torno dele”. Na manifestação de reocupação do 17 de novembro, por volta de 40.000 pessoas vieram reocupar e reconstruir um “vila ecológica” que serve atualmente como espaço de organização da luta. Desde então, centenas de pessoas permanecem no lugar vivendo em autogestão para ocupar e defender a zona. A luta se fortalece…

Neste contexto, um grupo de ação direta lança esta chamada para organizar ações internacionalmente no dia 26 de janeiro.