Na manhã do dia 16 de outubro, o espaço ocupado A Travêssa dos Campos foi alvo de uma acção repressiva por parte da autoridade policial.
Chegaram por volta das 7h30 com grande aparato de meios e agentes e preparados para uma entrada rápida e violenta no edifício. Após o arrombamento das portas foi dada a ordem – todos para o chão, caralho! Juntaram todas as pessoas numa sala, duas delas algemadas, e revistaram cada uma delas e os seus pertences. Para além disso, fotografaram e filmaram a operação e toda a gente que resistia no edifício.
A informação chegou cá fora e começou a formar-se um ajuntamento de malta solidária que foi impedida de se aproximar da acção devido ao bloqueio da rua.
Cerca das 9h15 a polícia começa a transportar o pessoal para a esquadra do Heroísmo, em pequenos grupos e diferentes carrinhas. Ao todo foram 21 pessoas, mais uma cadela levada para o canil. Na esquadra, toda a gente foi identificada e novamente revistada. A todos os envolvidos foi aplicado um termo de identidade e residência e passada uma constituição de arguido sem referência a qualquer crime.
Eram 11h00 quando os primeiros detidos começam a sair da esquadra, tendo sido recebidos com fraternidade por mais de duas dezenas de pessoas que esperavam em frente à esquadra.
Pelas 12h45 toda a gente tinha sido libertada mas houve que esperar mais uns momentos até que alguns itens pessoais fossem devolvidos.
Em comunicado de imprensa a CMP justifica esta intervenção devido a “ocupação ilícita de espaço vedado ao público”, mesmo que essa acusação não esteja expressa em nenhum dos autos de constituição de arguido. Isto só comprova que a CMP age sem interesse em contactar directamente com os envolvidos, dando ordens para que a polícia resolva as questões, de forma ilegal, justificando-se apenas à imprensa.
Ao mesmo tempo, é estranho que um espaço abandonado, de portas abertas, com janelas e lavatórios partidos, lixo por todo o lado, alarmes arrancados, pó de extintor espalhado pelo chão, silvas no campo de jogos, e uma mata que assusta a vizinhança, caiba no conceito de “vedado ao público”.
(relato de alguém que presenciou toda a operação)