Neste fim de semana, no dia 24 de março, um terreno foi ocupado por cerca de 300 famílias na região do Barreiro. A nova ocupação foi batizada Comunidade Professor Fábio Alves, em homenagem ao Professor cearense, apoiador historico da luta dos sem-teto e das ocupações urbanas em Belo Horizonte. Segue o comunicado publicado após a ocupação:
Comunidade Professor Fábio Alves – presente
300 famílias da região do Barreiro depois de uma longa caminhada construíram uma nova Comunidade Professor Fábio Alves, através da ocupação.
Aproximadamente 200 mil famílias não têm onde morar em Minas Gerais. Se fosse utilizado o dinheiro de auxílio moradia pago a juízes e deputados esse déficit acabaria em menos de cinco anos. Os programas habitacionais do Estado e de Belo Horizonte representam bem menos de 1% do orçamento. O programa Federal atende mais às construtoras do que ao povo pobre.
Assim, ocupar é o que o resta. Ocupar sempre foi uma necessidade, criada pelos grandes empresários, banqueiros e latifundiários que roubam toda a riqueza do País. Financiam as campanhas de seus representantes que ao serem eleitos governam para garantir seus interesses e distribuem migalhas para a população trabalhadora.
Roubam o trabalho e a saúde da população. Mas não conseguem apagar a esperança, a dignidade e a coragem de lutar. Os trabalhadores marcham contra a perda de direitos, contra o privilégio dos políticos, contra o auxílio moradia de deputados e juízes, por emprego, saúde e educação. Ocupar para garantir um lar aos trabalhadores e seus filhos.
Quem foi o Professor Fábio Alves?
Fábio Alves dos Santos, dedicou-se a luta pelos sem-terra, indígenas, presos e sem-tetos. Durante seus 59 anos de vida esteve ao lado dos menos favorecidos e um forte agente na luta por moradia. Atuou em diversas comunidades em Belo Horizonte e região, incluindo Vila São João (bairro Pilar), Vila Nova (bairro Jaqueline), Vila Padre Dionísio (Contagem), Vila São Bento (Aglomerado Santa Lúcia), Torres Gêmeas (bairro Santa Tereza), Ocupação Dandara (bairro Céu Azul) Ocupação Camilo Torres (Barreiro), e Ocupação Irmã Dorothy (Barreiro).
Era natural do Ceará, onde formou-se em pedagogia. Em 1990 concluiu o curso de direito, já em Belo Horizonte. Atuou como professor na PUC Minas por 25 anos. Segundo sua filha, Cecília Alves, uma das grandes preocupações de seu pai era o individualismo que crescia nas comunidades depois que a moradia era conquistada e também as divisões internas por razões religiosas. Para ele, o encontro e o diálogo deveriam sempre prevalecer.
Fonte: Página da Ocupação William Rosa (Facebook).