Lisboa (Portugal): Prédio é ocupado na região central da cidade

O número 69 da Rua Marques da Silva encontra-se ocupado.

A acção parte da iniciativa de um grupo de pessoas, sem qualquer filiação institucional, unidas pela vontade de dar vida a um imóvel abandonado.

Nos últimos anos, o direito a habitar na cidade de Lisboa tem sido alvo de diversos ataques. Num cenário de crise económico-financeira e de austeridade, a alteração da lei das rendas por parte do anterior governo veio permitir novas oportunidades de negócio a fundos de investimento e demais entidades especuladoras.

Ao mesmo tempo, a imagem da cidade como um local solarengo, pitoresco e pacífico, promovida por indústrias turísticas, contribuiu para o aumento do número de pessoas interessadas em visitar e morar em Lisboa. O mercado está em alta e os preços também. Bairros onde as rendas eram outrora minimamente acessíveis viram os seus valores aumentarem de uma forma brutal. A recomposição destrutiva dos modos de vida na cidade, agora reservada a quem consegue pagar mais caro, é ilustrada pelos sucessivos casos de despejo.

A Câmara Municipal de Lisboa, proprietária deste imóvel (e de tantos outros milhares), tem uma grande responsabilidade neste processo. Medidas como o Programa de Renda Acessível encontram-se longe de constituir uma resposta efetiva ao problema. O seu objetivo é mais simbólico do que material, contribuindo para a legitimação de uma política habitacional marcada pela falta de iniciativa, pelo desbaratar de património e pela cumplicidade com fundos de investimento, inclusive na definição de supostas políticas sociais.

Perante este cenário, interessa-nos aprofundar um debate crítico sobre a cidade e as suas transformações que tenha consequências práticas. Neste sentido, a ocupação desta casa não se limita a retirá-la das malhas da especulação, querendo fazer dela um espaço de usufruto social, seja habitacional, educativo ou cultural. As hipóteses de utilização ainda estão em aberto e vão ser discutidas e decididas numa assembleia horizontal, a decorrer no dia 17 de Setembro (domingo) às 16h. São bem-vindas todas as pessoas interessadas em participar na sua reconstrução e dinâmica.

Arroios – Lisboa, 15 de Setembro 2017

Actividades no espaço

Sexta-feira, 15 de Setembro
21h: Jantar e convívio

Sábado, 16 de Setembro

17h: Apresentação de um arquivo histórico sobre ocupações em Portugal
18h: Debate sobre cidade

Domingo, 17 de Setembro

16h: Assembleia de Ocupação de Lisboa

Mais informações

Mail: assembleiaocupacaolisboa [at] gmail [dot] com
Twitter: @aolx_squat

http://www.jornalmapa.pt/2017/09/15/a_cidade-ocupada/