Ontem, a ocupação L’Ancre Noire, situada nos arredores da ZAD de Notre Dame des Landes, na França, publicou esta mensagem e colocou uma faixa em solidariedade com a ocupação A Travessa que foi despejada no Porto esta segunda-feira e com as ocupações em Portugal em geral:
Fora o turismo, okupa tudo! Solidariedade com xs okupas de Porto
Nesta manhã (16 de outubro 2017) acordamos revoltados pelo sentimento de impotência diante do despejo do espaço ocupado na semana passada no centro da cidade do Porto, A Trâvessa. Porto e seu centro histórico invadido pelo turismo de massa enquanto suas periferias continuam miseráveis, sempre será a metrópole impossível do norte do Estado – pelas suas ruas, seus aspectos selvagens, suas ilhas, seus pequenos bairros incrustados há séculos nos becos sem saída… Locais onde os turistas não se arriscam por medo dos gunas e pela ausência de ponto de informação.
Nestas últimas semanas, está ocorrendo em Portugal um boom de okupas de outono – a Casa Okupada de Setúbal Autogestionada (C.O.S.A.) comemora 17 anos de resistência, a Assembleia de Ocupação de Lisboa (A.O.L.X) começou sua primeira ocupação, e em Porto, a Travêssa começava suas atividades ingovernáveis no dia 14 de outubro até ser despejada, nesta segunda, enquanto 21 pessoas tentaram resistir durante quase uma hora à intervenção da polícia nesta escola ocupada.
No fim de maio de 2017, em Santiago de Compostela, capital administrativa da Galícia, 250 km ao norte do Porto, 300 pessoas resistiram ao despejo do Centro Social Escarnio e Maldizer durante dois dias e duas noites, o que provocou uma onda de protestos pela ocupação que foram violentemente reprimidos. Outros espaços foram abertos, na contramão dos espaços legalistas ofertados pela Prefeitura de Santiago de Compostela, na mão do partido Podemos. Esta atuou como “oponente” passiva e moralista durante os dias que seguiram o despejo, publicizando na mídia nacional e nos meios associativos seu apoio através de ofertas interessadas em recuperar politicamente os esforços dxs jovens que participaram deste espaço durante dois anos.
O fim das fronteiras da península virá com o colapso dos Estados espanhóis e portugueses, e pela cultura de resistência construída entre as pessoas de cada lado da fronteira, das montanhas e das barreiras da alfândega.
Solidariedade, Cumplicidade e um forte abraço desde Fay-de-Bretagne, là na França!
A mensagem foi originalmente publicada em francês na página da ocupação Ancre Noire.