Anarquismo nos Bálcãs

Os Bálcãs despertaram meu interesse logo cedo. Talvez tenha sido a primeira guerra da qual tive notícia. Na metade dos anos 90, na época em que a guerra se desenrolou, eu tinha idade o suficiente para captar as mensagens que estampavam as capas dos jornais e busquei fazer algum sentido de todos aqueles corpos estirados. Lembro de minha mãe se esforçando para tentar me explicar o que eram os estupros em massa e como soldados eram capazes de tal barbárie. Estávamos de férias na praia, eu devia ter uns 8 anos e tudo isso teve um grande impacto em mim.

Anos mais tarde, conheci na internet duas pessoas que moravam na Sérvia e começamos a nos corresponder. Nossa amizade, ainda que virtual, foi forte o suficiente para que eu fizesse planos de viajar até lá, passando por outros países da região. A minha viagem para lá nunca vingou, e com o tempo perdemos contato, mas esses planos todos me deixaram familiarizados com a região. [Read More]

Chania (Creta-Grécia): Informação sobre a manifestação em solidariedade com a okupa Rosa Nera

Umas 600-700 pessoas participaram na manifestação realizada em 13 de junho de 2017 na cidade de Chania, em solidariedade com a okupa Rosa Nera. A manifestação aconteceu contra os planos do reitor da Universidade de Creta de vender ao Capital privado o edifício da okupa, assim como o edifício da reitoria, com o fim de que se convertam em hotéis, cuja exploração será pelas mãos de uma empresa hoteleira.

A concentração foi realizada às 18h na praça do mercado de Chania, e contou com a participação de gente da cidade e de Réthimno. A marcha começou uma hora mais tarde. Passou pelo centro da cidade, parou em frente da Prefeitura, onde se pintaram lemas, e continuou até o velho porto veneziano, plenamente turístico, onde se gritaram lemas associados com as condições laborais dos trabalhadores no setor do turismo.

Ao passar a marcha pelo hotel Ambassador, os manifestantes procederam a um bloqueio simbólico do hotel, já que há indícios de que seu dono é o que se esconde atrás de uma empresa chipriota (off shore), à qual se concederá pelos próximos 25 anos a exploração comercial dos edifícios da okupa e da reitoria da Universidade. Hora e meia depois de seu começo, a marcha terminou na okupa, onde se organizaram um café e uma ceia auto-organizados. [Read More]

Chania (Creta-Grécia): Solidariedade com a okupa Rosa Nera

Não faltam os hotéis de Creta. Faltam os espaços livres.

Durante os últimos anos todos os governos realizaram várias campanhas de eliminação dos espaços autogestionados e livres. O que querem conseguir é que nos encontremos só em nossas casas, nas cafeterias, nos bares e nos centros comerciais. Quer dizer, que querem que sejamos só consumidores e clientes. Por conseguinte, a ofensiva que está recebendo a okupa Rosa Nera em Chania não é fortuita.

O edifício da okupa pertence à Escola Politécnica de Chania, e faz treze anos constitui um lugar de luta e cultura emblemático, cobrindo também necessidades de teto. Em suas instalações as pessoas incansáveis que se esforçaram por dar vida ao edifício criaram um teatro, uma biblioteca e sala de leitura, um espaço de apresentações (de criações artísticas), um parque de crianças, uma oficina de construções, um espaço em que se celebra um bazar de artigos doados , um forno de produção de pão artesanal, e um café.

Nestes treze anos foram organizados centenas de eventos, concertos, apresentações, debates, oficinas, festas, cafés de apoio de coletividades e de ações. Todos tiveram um carácter antimercantilista. Recentemente se soube que o reitor da Universidade de Creta, Basilio Digalakis, no marco da expropriação da fortuna da Universidade convocou um concurso com o fim de converter em hotel o edifício da okupa. Das vistas preciosas desde a colina de Kasteli, onde se encontra a okupa, poderão desfrutar só os que tem o bolso cheio. [Read More]

Setúbal (Portugal): Comunicado da C.O.S.A. em luta!

Comunicado da C.O.S.A. (Casa Okupada de Setúbal Autogestionada) em luta!

Pedimos desculpa àquelxs que já se questionaram sobre isso devido à nossa falta de comunicação.

Continuando do ponto que fizemos com o último comunicado, o processo judicial que visa o despejo da C.O.S.A. [Casa Ocupada de Setúbal Autogestionada], e ao qual nós decidimos apresentar defesa, teve no dia 28 de Abril uma audiência prévia.

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Fraguas (Castilla la Mancha): projeto de okupação rural comunitário ameaçado de desalojo

Para todos que não conhecem Fraguas, trata-se de um projeto de okupação rural comunitário da serra norte de Guadalajara (Estado espanhol). Desde a primavera de 2013 está reconstruindo as ruínas do antigo povoado de Fraguas (que já foi destruído e esvaziado a consciência.) Cremos e lutamos pela comunidade, o autogoverno, a auto-suficiência e a autogestão.

Desde que chegamos fomos “convidados” a abandonar nossos sonhos por agentes do meio ambiente e guardas civis com ameaças e multas, alguns de nós arcamos com milhares de euros em multas. Em junho de 2015 fomos chamados a declarar 6 pessoas ao Tribunal de Instrução Nº 4 de Guadalajara, acusados de usurpação de monte público. Nos dias de hoje dão uma nova reviravolta ao processo, adicionando em seu escrito de acusação os delitos contra a ordenação do território e danos, ameaçando com a demoli&c cedil;ão das casas que agora estão em pé. No total, pedem a cada um de nós 600 euros como pena-multa por usurpação, 2 anos de cárcere pelo delit o contra a ordenação do território, mais 2.250 euros por este delito e 2 anos de cárcere por danos e mais 26.779,17 para sufragar a demolição. Após haver recebido os escritos de acusação estamos pendentes de que nos notifiquem a data do julgamento oral. [Read More]

Porto Alegre (RS-Brasil): Flores do Mal

Um relato sobre a Biblioteca Kaos, a família Chaves Barcellos Wallig e a gentrificação de Porto Alegre.

Recentemente, a Biblioteca Anárquica Kaos ocupou uma casa abandonada há décadas no Centro Histórico de Porto Alegre. O imóvel, assim como um conjunto de imóveis que o cercam, pertence a uma das famílias mais ricas e tradicionais da capital os Chaves Barcellos / Wallig¹. Embora as construções sejam tombadas, seus proprietários planejam demolí-la para ali fazerem novos empreendimentos. Isso explica o abandono dos imóveis, pois como é proibido demolí-los, seus donos simplesmente os abandonam até que caiam pela ação do tempo.

O pai, João Wallig Filho, pretende construir ali um edifício garagem, enquanto seu filho, o arquiteto João Felipe Chaves Barcelos Wallig quer fazer um complexo de contâineres, com restaurantes vegetarianos, feira orgânica e outras coisas destinadas ao público jovem. Nenhum dos projetos pretende preservar as construções históricas. [Read More]

Porto Alegre (RS-Brasil): Novo espaço da Biblioteca Kaos

Ocupamos de novo! A Biblioteca Kaos tem novo espaço.
O domingo 12 de março entramos na casa da Rua Coronel João Manoel 641, antes o morro da formiga. Casa que estava abandonada faz três anos, no meio do centro histórico de Porto Alegre, e que é parte das heranças de duas das famílias mais burguesas, donos da cidade faz séculos: Chaves Barcellos e Wallig.

Temos a absoluta certeza de que estamos incomodando os poderosos que já apareceram para nos ameaçar e muito risivelmente para nos convidar a ser parte dos seus projetos de capitalismo alternativo. Nossa resposta é uma só: somos ocupas, anarquistas, e com a burguesia não temos conversa nenhuma.

Para nossa surpresa e alegria, a vizinhança apoia totalmente a ocupação porque vieram que poucas pessoas arrumaram um espaço que faz anos estava sem uso. A interação com eles foi uma clara atitude de solidariedade e iniciativa não só nas palavras mas sobretudo na ação, participando pouco a pouco da limpeza do lugar e apoiando com sua presença em algumas das visitas dos donos.
Depois das ameaças dos Burgueses de nos jogar pra fora com seus capangas e pitbulls, as galera das outras okupas da cidade chegaram para nos fazer sentir sua solidariedade e ajuda.
Neste momento ainda estamos na briga pelo espaço mas nossa decisão desde o início é permanecer sem negociação, nem jurídica nem verbal com os proprietários. A ocupação é uma pratica subversiva que não pode ser engolida pelas normas de propriedade imobiliária, é a resposta efetivas à acumulação absurda da terra em mão de uns poucos privilegiados. Nossa determinação diante disto é clara: casa abandonada, casa ocupada.
Mandamos nosso salve à Solidaria que enfrentam um desalojo nestes próximos dias, compas um desalojo, outra ocupação!!! Aos compas das Okupas, na Gracia, à okupa Nadir, e CCF, compas seguimos! Às Bibliotecas Flecha Negra na Bolivia, Sacco e Vanzetti e Sebastian Oversluij no Chile, e a todos os espaços autogestionados na procura da anarquia.
Desde um novo espaço, aqui seguimos onde sempre estivemos: na procura da liberdade e contra toda autoridade!
Nos próximos dias difundiremos os horários e atividades da biblioteca. [Read More]

São Paulo (Brasil): Dezenas de prédios são ocupados na luta pela moradia e em solidariedade ao movimento contra a PEC 241

No último domingo à noite, uma dezena de prédios foram ocupados em São Paulo numa ação coordenada pelos movimentos sem-teto, dos quais participam a FLM (Frente de Luta por Moradia) e o MMPT (Movimento de Moradia Para Todos).

Além da luta pela moradia, essa ação conjunta foi realizada em solidariedade ao atual movimento contra a política de austeridade do governo Temer. Atualmente, são mais de 1200 escolas e uma centena de universidades que estão ocupadas contra a PEC 241, projeto de emenda constitucional que prevê congelar os investimentos em saúde e educação nos próximos vinte anos.

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Rubí (Catalunha): Comunicado da Horta Comunitária el Mirlo

[A seguir, comunicado da Horta Comunitária el Mirlo, em resposta às repetidas ofensivas que estão recebendo por parte do banco BBVA.]

No mês de maio passado, liberamos um terreno localizado em frente ao Ateneu Anarquista La Hydra, cidade de Rubí (c/ Prim 49), cujo proprietário é a entidade bancária BBVA.

O objetivo desta okupação é criar uma horta comunitária na qual, em um futuro próximo, xs vizinhxs possam ter um espaço para cultivar, de maneira autogerida e respeitando a natureza, seus alimentos, como forma de recuperar a nossa soberania alimentar. Assim, durante estes meses temos dedicado nossos esforços em limpar o terreno e começar a cultivá-lo.

Nestas últimas semanas estamos diante de uma situação que está ameaçando e impedindo nossa atividade no terreno, motivo pelo qual queremos fazer pública esta denúncia. O banco BBVA, que continua a ser um participante na especulação de centenas de milhares de moradias e que continua até hoje expulsando e desalojando a centenas de milhares de pessoas de suas casas, está usando de artimanhas questionáveis enviando seus asseclas para destruir o nosso projeto. [Read More]

Barcelona (Espanha): Voltaremos ao Banc – Texto escrito após o despejo da ocupação El Banc

Este texto foi escrito logo após o despejo da ocupação El Banc Expropriat, no bairro de Gracia, em Barcelona. O despejo foi realizado no dia 23 de maio de 2016, após um conflito de cerca de 10 horas entre a polícia e xs ocupantes. O espaço estava ocupado desde outubro de 2011. O texto foi traduzido a partir da versão original, em catalão.

Anteontem, dia 23 de Maio, expulsaram El Banc Expropiat, depois de mais de 160 dias de resistência (mais de 100 durante a primeira campanha e, desta vez, 87 dias). [Read More]